Racha no PL goiano expõe guerra por Senado. Caiado continua crescendo.
- Carlos Peixoto
- há 7 horas
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A crise no diretório goiano do Partido Liberal (PL) atingiu um novo patamar, evidenciando a divisão interna da sigla diante do avanço da pré-campanha à Presidência da República do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil). O nome de Caiado, cada vez mais ventilado nos bastidores como uma alternativa viável da direita ao Palácio do Planalto, tem ganhado simpatizantes em diversas regiões do país e mexido com o tabuleiro político local — especialmente dentro do PL goiano, onde crescem disputas por espaço, protagonismo e alinhamento político.
No centro do conflito está a disputa pela candidatura ao Senado em 2026 e a busca por apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro. Os protagonistas da briga são o deputado federal Gustavo Gayer e o vereador por Goiânia, Major Vitor Hugo. Em declarações públicas e indiretas, os dois têm protagonizado um embate que escancara a cisão no partido.
Durante entrevista ao programa Papo Aberto, Gayer disparou: “Eu posso ser preso, cassado, sair do PL, mas candidato ao Senado aqui em Goiás você não será, se depender de mim”, referindo-se diretamente a Vitor Hugo. O deputado acusa o vereador de tentar se viabilizar como candidato ao Senado por Goiás com o apoio de Bolsonaro, mesmo sem respaldo da base local.
Tensões e traições
As tensões aumentaram após Vitor Hugo sugerir, em declarações recentes, que o PL poderia apoiar a reeleição de Caiado ao governo de Goiás em 2026. A fala irritou a ala ligada a Gayer, que viu na proposta uma traição. Para esse grupo, o caminho é o rompimento com o governo estadual e o lançamento de candidatura própria ao Palácio das Esmeraldas, com o senador Wilder Morais — presidente estadual do PL — como cabeça de chapa.
Wilder, inclusive, também atacou Vitor Hugo, embora o vereador tenha evitado responder diretamente. Em suas redes sociais, Vitor Hugo postou uma imagem em videochamada com Bolsonaro, reiterando sua lealdade ao ex-presidente e tentando demonstrar prestígio com a liderança máxima do bolsonarismo.
Bolsonaro como árbitro
O envolvimento de Jair Bolsonaro nas disputas internas do PL não é novidade. Em janeiro, ele afirmou que terá a palavra final sobre as candidaturas ao Senado em todos os estados, sinalizando que a decisão não estará nas mãos de Gayer. Apesar disso, a movimentação de Vitor Hugo tem causado crescente isolamento dentro do partido em Goiás.
A insatisfação com Vitor Hugo remonta ao final do ano passado, quando ele articulou uma reunião entre Bolsonaro, o senador Rogério Marinho e Daniel Vilela — vice-governador e aliado direto de Caiado. O encontro causou revolta na direção estadual do PL, que divulgou uma nota de repúdio acusando o vereador de agir sem autorização e de dialogar com adversários políticos da legenda.
Ascensão de Caiado muda o xadrez
A escalada da crise no PL goiano acontece paralelamente ao fortalecimento da pré-campanha de Ronaldo Caiado à Presidência da República. Com um discurso de direita moderada, alinhado à segurança pública e ao agronegócio, Caiado tem se consolidado como nome de peso entre conservadores que buscam uma alternativa a Bolsonaro ou uma eventual candidatura dividida no campo da direita.
Sua ascensão nacional aumenta o atrito entre alas que divergem sobre o rumo do partido em Goiás: apoiar a continuidade do projeto estadual, que fortalece o nome de Caiado no cenário nacional, ou apostar na fidelidade irrestrita a Bolsonaro. Enquanto isso, a disputa pelo Senado é apenas o reflexo de uma batalha maior que pode impactar diretamente o futuro da direita em Goiás — e no Brasil.
Por: Carlos Peixoto do Portal da Única.